17 de janeiro de 2010

"O Mundo É um Jogo"

[excerto de artigo]

(…) O que os vídeojogos sugerem é que praticamente tudo pode ser tornado mais atraente através da aplicação de princípios de gaming. Isto causa consternação entre aqueles que acreditam que os jogos acarretam adicção, violência e irresponsabilidade social. Diversão e jogo têm sido, no decurso dos últimos séculos, palavras conservadas dentro de uma caixa hermeticamente isolada do trabalho e da responsabilidade adulta. Quer gostemos ou não, isso está agora a mudar. E, pese embora toda a conversa sobre adicção e dependência, o crescimento maciço de jogos sociais sugere que a maior parte dos catastrofistas estão errados. Não devíamos precocupar-nos com os jogadores serem sugados da vida real para fora, entrando num domínio de satisfações irreais. Ao invés, devíamos olhar para a infiltração gradual do gaming nas nossas vidas — nas formas como socializamos, como nos exprimimos e, cada vez mais, como pensamos em tudo desde o trabalho e a educação até à guerra. Entender este mundo etéreo de bens virtuais e alianças transnacionais é um desafio muito maior do que andar à caça de bichos-papão.

A transição entre acções reais e virtuais está já bem avançada em alguns campos. Como o politólogo Peter Singer descreve no seu livro Wired for War, as forças armadas americanas gastam agora 6 mil milhões de dólares por ano em exercícios de treino virtuais e simulados. Nem todos são vídeojogos num sentido estrito, mas os seus cenários interactivos enraizam-se firmemente no mundo do gaming, onde a aprendizagem ocorre em tempo real  em resposta a cenários que parecem espantosamente realistas. Um desses jogos, America’s Army, foi tão bem sucedido na criação de experiências militares imersivas que tem um duplo papel como instrumento de treino e recrutamento. A versão civil foi agora descarregada mais de dez milhões de vezes. Será que tais jogos glamorizam a guerra para aqueles que se encontram longe do combate real, ou dessensibilizam aqueles que combatem em relação às realidades incómodas que estão a ter lugar no terreno? Dado o uso crescente da guerra remota, a resposta é quase decerto um "sim" qualificado. Estes são problemas de um mundo que é diferente do gaming social, e todavia algumas das questões perturbantes que levantam, sobre como as interacções remotas tanto podem aproximar-nos como afastar-nos, são comuns para o nosso futuro. (…)

— Tom Chatfield , in "All the world is play", publicado em Prospect Magazine

"Salvem os Nossos Pássaros" (Margaret Atwood)

[excerto de artigo]

(…) Eis algumas estatísticas: Nos Estados Unidos, as linhas eléctricas matam entre 130 e 174 milhões de pássaros por ano — muitos deles aves de rapina como falcões, ou aves aquáticas cuja envergadura de asas pode tocar em dois cabos quentes ao mesmo tempo, resultando em electrocução, ou que se chocam contra as linhas elécricas finas sem as ver (pense-se em cordas de piano). Automóveis e camiões colidem com pássaros e matam entre 60 a 80 milhões anualmente nos Estados Unidos, e os edifícios altos — em especial aqueles que deixam as luzes ligadas à noite — são um perigo muito grande para os pássaros migratórios, levando a cerca de entre cem e mil milhões de mortes de pássaros anualmente. Acrescentem-se as torres de comunicação iluminadas, que matam também um grande número de morcegos, cada uma podendo ser responsável por tantas quantas 30.000 mortes de pássaros numa noite má — temos pois 40 a 50 milhões de mortes por ano, e destinadas a duplicar à medida que são construídas mais torres. Os pesticidas agrícolas matam directamente 67 milhões de pássaros por ano, com muito mais mortes resultando de toxinas acumuladas que convergem no topo da cadeia alimentar, e da fome, à medida que desaparece o alimento normal dos insectívoros. Os gatos dão cabo de cerca de 39 milhões de pássaros apenas no estado de Wisconsin; multiplique-se isso pelo número de estados da América, e façam-se então os cálculos para o resto do mundo: os números são astronómicos. Há então os efluentes das fábricas, os derramamentos de petróleo no mar e nas praias, os compostos químicos desconhecidos que estamos a deitar na mistura. A natureza é prolífica, mas não está a conseguir acompanhar tais níveis de mortandade, e as espécies de aves — até mesmo espécies outrora comuns — estão a cair a pique em todo o mundo.

Mais uma estatística: segundo Al Gore, 97% dos donativos beneficentes vão para causas humanas. Dos restantes 3%, metade vão para animais de estimação. Isto deixa 1½% dedicado ao resto da natureza — incluindo os oceanos assoberbados de crises, a terra sofrendo de erosão, seca ou inundações, e a  biosfera em retracção da qual dependem as nossas vidas. Quão loucos somos? Parecemo-nos muito com aqueles desenhos animados antigos nos quais a personagem tolinha está a cortar o mesmo ramo da árvore no qual se senta, enquanto por baixo dela está uma queda a pique sem fundo. Faz-nos querer enfiar a cabeça na areia, tal como — aparentemente — faz toda a gente, e limitarmo-nos a comer muito, ver filmes antigos do tempo antes de as coisas se terem tornado tão assustadoras, e ir às compras. Ou, como James Lovelock continua a avisar-nos: aproveitem a coisa enquanto puderem, o que quer que seja "a coisa", pois ela não irá durar muito mais tempo. (…)

— Margaret Atwood, in "Act now to save our birds", publicado em The Guardian

16 de janeiro de 2010

"Como a Marijuana Se Tornou Legal"

[excerto de artigo]

(…) existe uma percepção de que após 40 anos de sangue, suor e lágrimas, a guerra contra as drogas — formalmente declarada pelo Presidente Richard Nixon em 1969, um mês antes do festival de Woodstock — fracassou em impedir a disponibilidade de drogas ilegais, enriqueceu quadrilhas de crime organizado e tornou-as poderosas, e sujeitou à prisão milhões de pessoas que pouco perigo constituem para alguém à excepção delas próprias.

Ainda por cima, estamos agora mergulhados no pior ambiente económico desde a Grande Depressão, o que torna a perspectiva de cobrar impostos sobre as vendas de marijuana tão atreantes para os políticos contemporâneos como a cerveja, o vinho e os impostos sobre o álcool pareciam ao Presidente Franklin Delano Roosevelt e ao seu partido quando tomaram posse em 1933, o ano em que a Proibição [do álcool] foi revogada.

Assumindo a existência de um mercado nacional de consumo para a marijuana valendo cerca de 13 mil milhões de dólares anualmente, o economista de Harvard Jeffrey Miron estimou que poderia esperar-se que a legalização arrecadasse anualmente aos governos estaduais e federais cerca de 7 mil milhões de dólares em rendimentos fiscais adicionais, ao mesmo tempo que lhes pouparia 13,5 mil milhões em custos relacionados com a imposição da proibição.

Na Califórnia, onde a crise fiscal é tão grave que o estado teve de emitir aos seus fornecedores mais de mil milhões de dólares de promissórias, uma sondagem publicada em Abril mostrava que 56% da população do estado favorecia a legalização da marijuana, levando o governador Arnold Schwarzenegger a solicitar um "debate aberto" sobre a questão. Uma proposta de legalização foi apresentada á legislatura do estado, e a comissão estatal de equalização estimou que, caso ela seja aprovada, acarretaria 1,4 mil milhões em novos rendimentos, uma estimativa aparentemente conservadora.

É mesmo possível que a legalização reduzisse os gastos do país com a saúde, aliviando a procura de produtos farmacêuticos dispendiosos.

No número mais recente da O'Shaughnessy [a revista do California Cannabis Research Medical Group], um médico informou que os seus pacientes que usam cannabis tinham terminado ou reduzido o seu uso de "analgésicos de todos os tipos, [incluindo] Tylenol, aspirina e opiáceos; agentes psicoterapêuticos incluindo medicações anti-ansiedade, agentes antidepressivos, antipânico, antipsicóticos e para pacientes obsessivos-compulsivos e bipolares; agentes gastrointestinais incluindo medicamentos anti-espasmódicos e anti-inflamatórios; preparações para a dor de cabeça; anticonvulsantes; estimuladores do apetite; imunomoduladores e imunodepressivos; relaxantes musculares; medicações de gestão da esclerose múltipla; preparações oftálmicas; agentes sedativos e hipnóticos; e agentes para o síndroma de Tourette".

"A marijuana médica é a piadinha que Deus fez à custa dos proibicionistas [da marijuana]," diz Richard Cowan, de 69 anos, um activista de longa data da legalização que afirma ter fumado todos os dias desde 1967. "Há claramente uma necessidade médica, e ela vai desde o insignificante até ao que salva vidas.... Da minha perspectiva, a linha divisória entre o medicinal e o não-medicinal não devia ser decidida pela polícia. (…)

— Roger Parloff, in "How marijuana became legal", publicado em Fortune

15 de janeiro de 2010

"Loucos Como Nós"

[post]

No final dos anos 90, a farmacêutica GlaxoSmithKline queria introduzir o Paxil, o seu antidepressivo campeão de vendas, no Japão, onde um temperamento nacional taciturno, uma elevada taxa de suicídio e problemas económicos persistentes pareciam compôr um mercado perfeito. Mas a ideia que tornara os antidepressivos tão lucrativos aqui [nos EUA] — que a depressão é uma doença crónica e disseminada — era largamente desconhecida no Japão. O gigante farmacêutico pôs a trabalhar os seus melhores cérebros do marketing, e o resultado foi o kokoro no kaze, "um frio da alma,", uma doença cerebral vulgar que, de acordo com os anúncios, nos pode matar caso não seja tratada. Em 2008, os japoneses estavam a gastar mil milhões de dólares por ano em Paxil.

A comercialização da depressão no Japão é uma das quatro histórias sobre a exportação de doenças mentais que Ethan Watters conta no seu interessante novo livro [Crazy Like Us]. Num estilo jornalístico escorreito, argumenta que aquilo que a indústria psiquiátrica americana exporta não é tanto medicamentos como doenças. É uma estratégia tornada possível pelo Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais [MDEDM], da Associação Psiquiátrica Americana [APA], o qual enumera os sintomas constituindo as diversas perturbações mentais que, segundo o Instituto Nacional de Saúde, afectarão 30 por cento dos americanos durante as suas vidas. À medida que a aproximação estandartizada das listagens do MDE se espalha pelo mundo, diz Watters, não apenas muda a forma como os psiquiatras processam os diagnósticos, mas também a maneira como as pessoas sentem e exprimem o seu sofrimento psicológico.

Watters leva-nos a Zanzibar, onde a "possessão por espíritos" está a ser substituída pela esquizofrenia, e ao Sri Lanka, onde a PPST [Perturbação Pós-Stress Traumático] foi espalhada como um vírus por conselheiros de trauma ocidentais que disseram aos sobreviventes do tsunami exactamente como deviam reagir ao rescaldo de um desastre. Em cada uma das suas histórias, Watters descreve vividamente a maneira como esta espécie de promoção de doenças promulga uma "metafísica universal da experiência emocional" — e, por extensão, da natureza humana. Isto leva a uma ironia profunda e perturbadora: ao substituir crenças locais válidas sobre a identidade e a cura pelo eu hiperindividualizado que a APA considera mentalmente saudável, "estamos a acelerar as mudanças desorientadoras… que se encontram no âmago de grande parte dos problemas mentais do mundo".

— Gary Greenberg, in "Crazy Like Us", publicado em Mother Jones

"Proíba-se o Divórcio"

[excerto de notícia]

Até que a morte nos separe? Este voto passará de facto a ser válido na Califórnia caso um web designer de Sacramento consiga os seus intentos.

Num movimento que parece arrancado às páginas de argumentistas do Canal da Comédia, John Marcotte quer levar a votos no próximo ano [2010] uma proposta para proibir o divórcio na Califórnia.

A iniciativa pretende ser um comentário satírico após os votantes californianos terem proibido o casamento gay em 2008, em grande medida com a argumentação de que que é necessária uma proibição para proteger a santidade do casamento tradicional. Se for esse o caso, raciocina Marcotte, então os votantes não deveriam ter problemas em proibir o divórcio.

"Dado que a Califórnia decidiu proteger o casamento tradicional, acho que seria hipócrita não sacrificarmos alguns dos nossos direitos para proteger ainda mais o casamento tradicional," disse Marotte, de 38 anos, casado e pai de dois filhos.

Marcotte disse que recolheu dúzias de assinaturas, incluindo uma da sua mulher, com quem está casado há sete anos. Os número de fãs Facebook da iniciativa atingiu mais de 11.000. Voluntários, incluindo activistas gay e uma trupe de comediantes locais, subscreveram a proposta comprometendo-se a ajudar. (…)

Marcotte precisa de arranjar 694.354 assinaturas válidas até 22 de Março, um grande obstáculo num estado onde uma simples campanha de petição custa milhões de dólares. Ainda que a emenda constitucional que propõe entrasse para o sufrágio do próximo ano, não é claro como os votantes reagiriam.

Em todo o país, cerca de metade de todos os casamentos acabam em divórcio.

— Judy Lin, in "Movement under way in California to ban divorce", publicado em San Francisco Chronicle

14 de janeiro de 2010

"Como a Evolução Está a Evoluir"

[excerto de artigo]

A ciência convencional sustenta que os seres humanos deixaram de evoluir há cerca de 50.000 anos. A civilização acabou com o processo. Donde que o ser humano da era pré-moderna é o ser humano de hoje e será o ser humano amanhã, certo? Calma aí, dizem os cientistas Gregory Cochran e Henry Harpending. No livro The 10,000 Year Explosion, argumentam que na era moderna a humanidade está a evoluir ainda mais depressa. Desenvolvemos novos traços genéticos tão recentemente quanto na Idade Média. Os judeus Ashkenazi (ou europeus), por exemplo, não apenas parecem ser mais espertos; eles demonstram uma predisposição genética para a inteligência superior. (…)

Cochran e Harpending escolhem os judeus Ashkenazi enquanto exemplo claro de como decisões culturais tomadas há apenas alguns séculos (um nanossegundo na perspectiva convencional da evolução) resultaram já em novas vantagens genéticas. Antes da Idade Média, os judeus Ashkenazi viviam a meio de uma importante rota cultural que ligava a Europa a partes-chave da Ásia. Os judeus foram recipientes de uma enorme variedade genética à medida que povos antigos atravessavam o seu território, nele se estabeleciam, casavam ou apenas copulavam.

À medida que números crescentes de judeus se estabeleciam na Europa durante a Idade Média, regras culturais contra casamentos fora do grupo, ligadas a pressões sociais externas, resultaram num círculo genético relativamente fechado. Os traços cromossómicos mais úteis captados no Levante tornaram-se dominantes à medida que a diluição genética era contida. Mais importante, as condições difíceis na Europa asseguravam um forte imperativo biológico para a adaptação e a sobrevivência.

Na verdade, apesar de a maioria dos europeus ter experimentado a Idade Média como um claro melhoramento relativamente â idade das trevas precedente, os judeus europeus foram perseguidos em grande escala e, em grande medida, impedidos de possuir terra. Desenvolveram um conjunto de estratégias de sobrevivência partilhadas, que aconteceram ser idealmente adequadas para as mudanças que varriam o continente. Privados da capacidade legal de possuir grandes extensões de terra, a maioria foi relegada para cidades e aldeias. Isto deu-lhes uma partida antecipada na vida urbana. As principais ocupações disponíveis para os judeus que se estabeleciam nestes centros urbanos nascentes eram actividades de serviços requerendo literacia e capacidades aritméticas. A inteligência abstracta e as capacidades de raciocínio eram mais valorizadas no interior do grupo do que a capacidade de manejar um machado ou de puxar uma carroça. No decurso de múltiplas gerações, uma ênfase cultural no desenvolvimento de inteligência quantitativa, ao invés de força física, acentuou um traço genético particular à custa de todos os outros. O traço escolhido em questão foi a inteligência. (…)

Os judeus Ashkenazi mostram níveis ligeiramente elevados de esfingolípidos, um tipo de molécula gorda. Os esfingolípidos são comuns nos tecidos neuronais e desempenham um papel importante na transmissão de sinais. Níveis elevados desta molécula podem resultar em mais conexões interneuronais, e portanto num pouco mais de cérebro.

Os autores passam a mostrar que as pessoas com ascendência judaico-europeia, independentemente do seu ambiente familiar, têm resultados acima da média em testes do QI. Estão desproporcionadamente bem representadas nas listas de galardoados com prémios prestigiados em matemática e ciência. Embora representem menos de 3% da população dos EUA, incluem 27% dos prémios Nobel no decurso das duas últimas gerações, representam cerca de um quinto dos directores-executivos de empresas e cerca de 22% dos estudantes da Ivy League [grupo de universidades de elite americanas].

Ao abordarem esta ideia, Cochran and Harpending estão a entrar em território perigoso. O leitor com sensibilidade política provavelmente retrair-se-á perante a noção de que variações genéticas ao longo de linhas étnicas possam resultar em inteligência superior (…) Mas isto é bagagem cultural e não tem relação com os méritos científicos per se do argumento de Cochran e Harpending. (…)

— Patrick Tucker, in "How Evolution Is Evolving", publicado em The Futurist

"A Enciclopédia da Vida"

[excerto de artigo]

E.O. Wilson tem um sonho. Em 2003, o eminente biólogo de Harvard esboçou a sua visão daquilo a que chamou "uma enciclopédia electrónica da vida, acessível através de um portal único". Esta enciclopédia — essencialmente um  website — concederia a cada uma das 1,8 milhões de espécies documentadas na Terra a sua página própria, apresentando um sumário detalhado de tudo quanto se sabe sobre ela: o seu nome científico, habitat, dispersão e distribuição geográfica; aquilo que come e aquilo que a come a ela; e onde se encaixa na árvore evolucionista da vida. Estaria livremente disponível para qualquer pessoa em qualquer parte, tanto cientistas como leigos.

Esse sonho está prestes a tornar-se realidade. Lançada em 2008, a Enciclopédia da Vida está agora online (www.eol.org), com 170.000 páginas de espécies, número que — dado a Enciclopédia continuar a fazer parcerias com taxonomistas, bibliotecas e bases de dados de biodiversidade — está a crescer. A sofisticada tecnologia da enciclopédia permite-lhe reunir e filtrar dados biológicos com qualquer origem, de um modo que mudará a quantidade e qualidade daquilo que tanto os cientistas como os observadores ocasionais são capazes de aprender sobre a vida na Terra, bem como a maneira como o fazem. Esqueçam a evolução, isto é uma revolução.

"O valor da enciclopédia no seu conjunto é como macroscópio, permitindo observar a imagem conjunta de centenas de milhar de espécies," diz Jesse Ausubel da Rockefeller University. Um cientista poderá comparar a duração das vidas de centenas de espécies através dos géneros taxonómicos, um tipo de estudo que actualmente é demasiado complicado e dispendioso de realizar. Outro cientista poderá usar etiquetas para determinar quais os organismos que comem, e são comidos por, outros, começando assim a formar uma imagem robusta das redes alimentares.

A Enciclopédia da Vida representa uma corrida contra o tempo. O nosso planeta está a experimentar rápidas mudanças ambientais; numerosas espécies, desde raras largartas do Havai até ursos polares árcticos, poderão muito bem estar extintos quando a enciclopédia atingir o seu objectivo de indexar as 1,8 milhões de espécies conhecidas — para não falar daquelas que ainda não estão documentadas, e que poderão contar-se por centenas de milhões. Como disse Wilson durante a sua palestra na edição de 2007 da conferência TED, uma reunião anual de mentes criativas e científicas, "O nosso conhecimento da biodiversidade é tão incompleto que estamos em risco de perder grande parte dele antes mesmo de o descobrirmos". (…)

— Alan Burdick, in "The Encyclopedia of Life", publicado em Utne Reader