11 de janeiro de 2010

"Prosperidade Secular"

[excerto de post]

De Dostoiévski até à comentadora de direita Ann Coulter, avisam-nos sobre os perigos de não acreditar em Deus. "Se não existir Deus," escreveu Dostoiévski, "tudo é permitido". Coulter atribui rotineiramente os problemas mais intratáveis da nossa sociedade ao vácuo moral do ateísmo.

Mas um corpo crescente de investigação naquilo que um sociólogo chama "o campo emergente da secularidade", está a desafiar suposições antigas sobre a relação da religião com a governância eficaz.

Numa monografia publicada no jornal online Evolutionary Psychology, o investigador independente Gregory S. Paul relata uma forte correlação entre bem-estar económico e secularidade. Em resumo, a prosperidade é mais elevada em sociedades onde se pratica menos a religião.

Usando dados existentes, Paul combinou 25 indicadores de estabilidade social e económica — coisas como crime, suicídio, uso de drogas, encarceração, desemprego, rendimento, aborto e corrupção pública — para classificar cada país usando aquilo a que chama a "escala das sociedades bem sucedidas". Classificou também os países segundo o seu grau de religiosidade, como determinado por critérios tais como frequência às igrejas, crença numa divindade criadora e aceitação do literalismo da Bíblia.

Comparando as duas classificações, descobriu, com poucas excepções, que os países menos religiosos desfrutavam da maior prosperidade. A assinalar em particular, os EUA têm a distinção de ser o mais religioso e menos próspero entre os 17 países incluídos no estudo, ficando em último lugar em 14 das 15 medidas socio-económicas.

Paul apressa-se a assinalar que o seu estudo revela correlação e não causação. O que veio primeiro — a prosperidade ou a secularidade — não é claro, mas Paul aventura um palpite. Embora possivelmente a boa governância e a saúde socio-económica sejam derivadas de uma sociedade secular, o investigador especula que, mais provavelmente, as pessoas inclinam~se a abandonar as suas ligações à religião uma vez que se sentem distanciadas das inseguranças e fardos da vida. (…)

— David Villano, in "Who Needs God When We've Got Mammon?", publicado em Miller-McCune Online Magazine

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