11 de janeiro de 2010

"A Grande Muralha da Facebook"

[excerto de artigo]
(…) a rivalidade Google-Facebook não apenas se mantém intensa, ela evoluiu para uma batalha em grande escala sobre o futuro da Internet — a sua estrutura, design e utilidade. No decurso da última década, a Web foi definida pelos algoritmos da Google — equações rigorosas e eficientes que analisam praticamente cada byte de actividade online, de modo a construir um desapaixonado atlas do mundo online. Mark Zuckerberg, o presidente da Facebook, imagina uma Web mais personalizada e humanizada, onde a nossa rede de amigos, colegas, pares e familiares é a nossa fonte primária de informação, exactamente tal como é offline. Na visão de Zuckerberg, os utilizadores inquirirão este "gráfico social" para encontrar um médico, a melhor câmara fotográfica ou alguém para contratar — em vez de recorrerem à matemática fria de uma pesquisa Google. É um repensar completo do modo como navegamos no mundo online, que coloca a Facebook mesmo no centro. Por outras palavras, onde está agora a Google. (…)



Para compreendeer o desafio que a Facebook lança à Google, considere-se o meu amigo e vizinho Wayne, doutorado em ciência informática pela Universidade de Berkeley e veterano de muitos trabalhos de programação em grande escala. Sei muito sobre ele por sermos amigos. Sei mais ainda por sermos amigos Facebook. No seu perfil online, não apenas encontro a informação pessoal tipo blogue — a sua data de nascimento, endereço, currículo e fotografias da sua mulher, filho e enteados. Descubro também que gosta de fazer cerveja, que na semana passada jantou num dos meus restaurantes preferidos, e que gosta de ver desenhos animados. De facto, publicou posts sobre a sua vida quase diariamente nos últimos dois meses — matutando sobre se irá chover no jogo de futebol infantil do filho, perguntando aos amigos qual a função do impelidor na sua unidade de aquecimento central.

Mas se eu digitar o seu nome no Google, fico a saber muito pouco. Sou direccionado para um seu antigo Web site pessoal, com links que expiraram quase todos, e uma recolha de monografias sobre ciência informática que escreveu ao longo dos anos. É mais ou menos isso. Praticamente nenhuma informação Facebook sobre Wayne surge numa pesquisa Google porque toda ela, bem como detalhes semelhantes sobre os outros utilizadores Facebook, existe nos cerca de 40.000 servidores da rede social. No seu conjunto, estes dados compreendem uma quantidade mastodónica de actividade, quase uma segunda Internet. Pelas estimativas da Facebook, cada mês os utilizadores partilham 4 mil milhões de peças de informação — notícias, actualizações de estado, votos de aniversário e por aí fora. Também carregam 850 milhões de fotografias e 8 milhões de vídeos. Mas quem quiser aceder a esse material deve usar o Facebook; a rede social trata tudo isso enquanto dados exclusivos, em grande medida ocultando-os dos crawlers [algoritmos de pesquisa] da Google. À excepção da informação mais superficial que os utilizadores escolhem tornar pública, o que acontece nos servidores da Facebook mantém-se nos servidores da Facebook. Isso representa um ponto cego, maciço e em rápido crescimento, para a Google, cujo objectivo há muito expresso é "organizar a informação do mundo" (…)

— Fred Vogelstein, in "The Great Wall of Facebook", publicado em Brainwaving

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