14 de janeiro de 2010

"A Enciclopédia da Vida"

[excerto de artigo]

E.O. Wilson tem um sonho. Em 2003, o eminente biólogo de Harvard esboçou a sua visão daquilo a que chamou "uma enciclopédia electrónica da vida, acessível através de um portal único". Esta enciclopédia — essencialmente um  website — concederia a cada uma das 1,8 milhões de espécies documentadas na Terra a sua página própria, apresentando um sumário detalhado de tudo quanto se sabe sobre ela: o seu nome científico, habitat, dispersão e distribuição geográfica; aquilo que come e aquilo que a come a ela; e onde se encaixa na árvore evolucionista da vida. Estaria livremente disponível para qualquer pessoa em qualquer parte, tanto cientistas como leigos.

Esse sonho está prestes a tornar-se realidade. Lançada em 2008, a Enciclopédia da Vida está agora online (www.eol.org), com 170.000 páginas de espécies, número que — dado a Enciclopédia continuar a fazer parcerias com taxonomistas, bibliotecas e bases de dados de biodiversidade — está a crescer. A sofisticada tecnologia da enciclopédia permite-lhe reunir e filtrar dados biológicos com qualquer origem, de um modo que mudará a quantidade e qualidade daquilo que tanto os cientistas como os observadores ocasionais são capazes de aprender sobre a vida na Terra, bem como a maneira como o fazem. Esqueçam a evolução, isto é uma revolução.

"O valor da enciclopédia no seu conjunto é como macroscópio, permitindo observar a imagem conjunta de centenas de milhar de espécies," diz Jesse Ausubel da Rockefeller University. Um cientista poderá comparar a duração das vidas de centenas de espécies através dos géneros taxonómicos, um tipo de estudo que actualmente é demasiado complicado e dispendioso de realizar. Outro cientista poderá usar etiquetas para determinar quais os organismos que comem, e são comidos por, outros, começando assim a formar uma imagem robusta das redes alimentares.

A Enciclopédia da Vida representa uma corrida contra o tempo. O nosso planeta está a experimentar rápidas mudanças ambientais; numerosas espécies, desde raras largartas do Havai até ursos polares árcticos, poderão muito bem estar extintos quando a enciclopédia atingir o seu objectivo de indexar as 1,8 milhões de espécies conhecidas — para não falar daquelas que ainda não estão documentadas, e que poderão contar-se por centenas de milhões. Como disse Wilson durante a sua palestra na edição de 2007 da conferência TED, uma reunião anual de mentes criativas e científicas, "O nosso conhecimento da biodiversidade é tão incompleto que estamos em risco de perder grande parte dele antes mesmo de o descobrirmos". (…)

— Alan Burdick, in "The Encyclopedia of Life", publicado em Utne Reader

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