11 de janeiro de 2010

"Sobre Cebolas e Infocologias": excerto de artigo

(…) é evidentemente verdade que a hiperconectividade nos assoberba, preocupa e perturba, mas acho que isto é uma coisa boa, um bem da mais elevada qualidade, e é bom de mais do que uma maneira. É bom principalmente porque é mais do que tempo de abandonarmos a ideia da nossa unicidade (enquanto indivíduos) e de que o nosso "Telos" pessoal é idêntico ao do colectivo. É bom porque evoluímos para sermos uma inteligência fluida, uma inteligência para quem a perturbação não é um bug mas sim uma funcionalidade. A mente hiperconectada moderna é assim um reflexo da nossa fluidez mental inata. A perturbação das nossas antiquérrimas ficções tradicionais neolíticas é nada menos do que uma revolução conceptual total, e o hiperfluxo informativo é a principal conduta mediante a qual esta revolução conceptual acontece.

Acontece que a hiperconectividade conduz à inteligência fluida.

"A inteligência fluida é a capacidade de descobrir significado na confusão e de resolver novos problemas. É a capacidade de fazer inferências e de compreender as relações de diversos conceitos, independentemente do conhecimento que é adquirido" (wiki)

Ao permitirmos que o poder da realidade hiperconectada penetre os nossos fluxos mentais, estamos de facto a permitir-nos sermos mudados e desafiados, modificados e alterados, estamos a fazer evoluir factualmente um novo tipo de mente, um intelecto efectivamente capaz de resolver problemas e de "descobrir significado na confusão".

O hiperfluxo informativo está a destruir a ideia de que somos os mesmos, de que os nossos cérebros são os mesmos ou de que a cultura é a mesma que era ontem. O que está a acontecer é que estamos a desviar a nossa virtualidade interior, as nossas conceptualizações mentais, de um ponto de vista cêntrico para uma multiplicada realidade aculturada, uma realidade hiperconectada. Uma realidade que é tão nova quanto excitante, tão desafiadora quanto transformadora: não mais devemos acreditar que estamos sós, ou que questões que estão "longe" não nos interessam. Estamos presentemente num período transitório de avanço rápido, uma era de importância suprema na história da humanidade, uma fase na nossa evolução concatenada na qual estão a ser inventadas novas formas de literacia, novos métodos de melhoramento intersubjectivo estão a obrar, e nós evoluímos por causa disso.

Acredito que a inteligência fluida é o traço distintivo da nossa era, uma inteligência que é fundamentalmente autopoiética e multidimensional; além disto, penso que essa mesma inteligência está em processo de adaptação, adaptando-se de modo a acomodar a sobrecarga de informação, não enquanto uma designada "distracção" negativa mas enquanto um estimulador da atenção, uma medida exploratória dos nossos intelectos. (…)

— Wildcat, in "Of Onions and Infocologies- Thriving in the age of hyperconnectivity", publicado em SpaceCollective

Sem comentários:

Enviar um comentário