12 de janeiro de 2010

"A Revolução Twitter"

[excerto de artigo]

(…) as manifestações que tiveram lugar nas ruas de Teerão em Novembro de 2009 não terão sido desencadeadas pelos média sociais (…). Exactamente tal como a prensa de impressão não foi a causadora exclusiva da Reforma Protestante, a origem destas manifestações em Teerão, bem como de todas as manifestações no país, encontra-se na vontade de as pessoas desafiarem o seu governo. Isto não significa, porém, que essas manifestações fossem semelhantes a todas as anteriores, excepto no uso continuado de slogans — os quais em 2009 eram notavelmente dirigidos contra a ditadura, em vez de exprimirem o tradicional sentimento "Morte à América". O aspecto principal a reter das manifestações de 2009 é que, exactamente tal como a Reforma Protestante foi moldada pela prensa de impressão, a insurreição iraniana foi e está a ser moldada pelos média sociais.

Embora rapidamente o uso dos média sociais nos protestos iranianos tenha ganho a etiqueta "Revolução Twitter", a verdadeira revolução foi o uso de telemóveis, que permitiram aos manifestantes originais transmitir as suas acções, para outros cidadãos e para o mundo alargado, com notável rapidez e urgência. Esta característica, de um público que crescentemente se reúne e se documenta de forma espontânea, é mais do que apenas um novo slogan. (…)

Porém, apesar do regime de Ahmadinejad estar claramente disposto a usar a técnica da filtragem com base em eventos, através da qual se bloqueia temporariamente a cobertura telefónica por redes móveis ou o acesso à internet — uma estratégia a que poderíamos chamar "Birmânia temporária" —, não acredito que o Irão possa tornar-se uma "Birmânia permanente". O grau de apagão informativo necessário para impedir que todas as formas de reunião pública levantem fervura estará para além das capacidades das autoridades do Irão. (…)

— Clay Shirky, in "The Twitter Revolution: more than just a slogan", publicado em Prospect Magazine

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