11 de janeiro de 2010

"O Facebook Irá Matar o Automóvel?"

[excerto de post]

Lester Brown do Earth Policy Institute apresentou hoje um novo relatório mostrando que o parque automóvel americano encolheu quatro milhões de carros em 2009 — a primeira vez que isto acontece desde a 2ª Guerra Mundial. No total, foram para a sucata 14 milhões de veículos e apenas foram comprados 10 milhões (por comparação, antes de 2007 vendiam-se em média  cerca de 17 milhões de automóveis por ano). É muito possível que isto seja só a recessão a falar, mas Brown pensa que marca o início de um "afastamento cultural em relação aos carros":

Entre as tendências que estão a manter as vendas bem abaixo do número anual de 15-17 milhões, contam-se a saturação do mercado, a urbanização continuada, a incerteza económica, a insegurança quanto ao petróleo, o aumento do preço da gasolina, a frustração com a congestão do tráfego, a preocupação crescente com as alterações climáticas, e o declínio do interesse dos jovens pelos carros. (…)

A tendência social mais fundamental afectando o futuro do automóvel talvez seja o declínio do interesse dos jovens pelos carros. Para aqueles que cresceram há cinquenta anos num país que ainda era fortemente rural, tirar a carta de condução e ter um carro ou uma carrinha era um rito de passagem. Enfiar outros adolescentes no carro e ir dar uma volta nele era um passatempo popular.

Em contraste, muitos dos jovens de hoje, vivendo numa sociedade mais urbana, aprendem a viver sem carros. Socializam na Internet e em
smart phones, não em carros. Muitos não se dão sequer ao trabalho de tirar a carta de condução. Isto ajuda a explicar por que, apesar de a população adolescente americana ser a maior de sempre, o número de adolescentes com carta de condução, que atingiu o pico em 1978 com 12 milhões, se encontra agora abaixo dos 10 milhões.

Será verdade? Os miúdos passam tanto tempo no Facebook que já não têm tempo para andar a passear de carro? Suponho que é plausível. Teremos de ver se esta tendência continua quando (se?) a economia americana começar a crescer de novo. Não são exactamente boas notícias para os fabricantes de automóveis — e fazem-nos pensar por quanto mais tempo os governos ocidentais conseguirão amparar uma indústria que poderá ter de começar a encolher. Embora a outra coisa a notar aqui é que mesmo que os americanos estejam a comprar menos carros, os países em desenvolvimento estão a compensar esse facto. No ano passado a China tornou-se oficialmente o maior mercado automóvel do mundo e, segundo alguns cálculos, o número de veículos em todo o mundo duplicará — para dois mil milhões — em 2020.

— Bradford Plumer, in "Will Facebook Kill Off The Automobile?", publicado em The New Republic

Sem comentários:

Enviar um comentário