11 de janeiro de 2010

"O Receio da Literacia Digital"

[excerto de post]

(…) Os novos média subsumem os antigos. Não existem ao lado dos velhos média, enquanto uma segunda opção. Embrulham-se em volta dos velhos média, envolvendo-os, de modo a que os novos média podem fazer tudo quanto os velhos faziam, só que mais ainda. Como resultado, tendemos a conferir aos novos média papéis que somos capazes de compreender, de modo que a Internet se torna um telefone e uma rádio e uma televisão e, evidentemente, um livro. Os novos média são sempre capazes de muito mais do que preencher estes papéis antigos. O problema reside em não termos qualquer concepção sobre o que este "mais" poderá ser, dado não termos para já um contexto para ele.

Além disso, a mudança [para a literacia digital] é inevitável. A tecnologia não anda para trás, ou como diz Clay Shirky (…): “a única estratégia que quase garantidamente nada melhorará é esperar que de algum modo consigamos fazer o relógio andar para trás. Isto fracassará, do mesmo passo que nem ressuscitará o passado nem melhorará o futuro".

Acho que esta inevitabilidade assusta algumas pessoas. Elas têm dificuldade em aceitar a validade da literacia digital, quanto mais imaginar a possibilidade de ela subsumir completamente o nosso amor imortal pela palavra escrita. De modo a lidarem com este medo, escondem-se atrás da "opacidade de bulldog" de que falava McLuhan, e apregoam as realizações de dias há muito passados, ansiando por tempos mais simples do mesmo passo que cavalgam as realizações da sua época.

O debate não é sobre inteligente contra estúpido, ou contemplativo contra disperso, ou profundo contra superficial, ou formato longo contra formato curto, ou écrã contra página. É sobre nós admitirmos que há um novo caminho no horizonte, o qual não é nem melhor nem pior, mas é novo. O novo caminho ameaça o velho caminho, caminho este que possivelmente conhecemos e compreendemos, que nos permite formar definições escorreitas de estúpido e inteligente, mas que ainda assim deve evoluir. (…)

— Eyal Sivan, in "Fearing Digital Literacy", publicado em The Connective,

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