[excerto de artigo]
(…) existe uma percepção de que após 40 anos de sangue, suor e lágrimas, a guerra contra as drogas — formalmente declarada pelo Presidente Richard Nixon em 1969, um mês antes do festival de Woodstock — fracassou em impedir a disponibilidade de drogas ilegais, enriqueceu quadrilhas de crime organizado e tornou-as poderosas, e sujeitou à prisão milhões de pessoas que pouco perigo constituem para alguém à excepção delas próprias.
Ainda por cima, estamos agora mergulhados no pior ambiente económico desde a Grande Depressão, o que torna a perspectiva de cobrar impostos sobre as vendas de marijuana tão atreantes para os políticos contemporâneos como a cerveja, o vinho e os impostos sobre o álcool pareciam ao Presidente Franklin Delano Roosevelt e ao seu partido quando tomaram posse em 1933, o ano em que a Proibição [do álcool] foi revogada.
Assumindo a existência de um mercado nacional de consumo para a marijuana valendo cerca de 13 mil milhões de dólares anualmente, o economista de Harvard Jeffrey Miron estimou que poderia esperar-se que a legalização arrecadasse anualmente aos governos estaduais e federais cerca de 7 mil milhões de dólares em rendimentos fiscais adicionais, ao mesmo tempo que lhes pouparia 13,5 mil milhões em custos relacionados com a imposição da proibição.
Na Califórnia, onde a crise fiscal é tão grave que o estado teve de emitir aos seus fornecedores mais de mil milhões de dólares de promissórias, uma sondagem publicada em Abril mostrava que 56% da população do estado favorecia a legalização da marijuana, levando o governador Arnold Schwarzenegger a solicitar um "debate aberto" sobre a questão. Uma proposta de legalização foi apresentada á legislatura do estado, e a comissão estatal de equalização estimou que, caso ela seja aprovada, acarretaria 1,4 mil milhões em novos rendimentos, uma estimativa aparentemente conservadora.
É mesmo possível que a legalização reduzisse os gastos do país com a saúde, aliviando a procura de produtos farmacêuticos dispendiosos.
No número mais recente da O'Shaughnessy [a revista do California Cannabis Research Medical Group], um médico informou que os seus pacientes que usam cannabis tinham terminado ou reduzido o seu uso de "analgésicos de todos os tipos, [incluindo] Tylenol, aspirina e opiáceos; agentes psicoterapêuticos incluindo medicações anti-ansiedade, agentes antidepressivos, antipânico, antipsicóticos e para pacientes obsessivos-compulsivos e bipolares; agentes gastrointestinais incluindo medicamentos anti-espasmódicos e anti-inflamatórios; preparações para a dor de cabeça; anticonvulsantes; estimuladores do apetite; imunomoduladores e imunodepressivos; relaxantes musculares; medicações de gestão da esclerose múltipla; preparações oftálmicas; agentes sedativos e hipnóticos; e agentes para o síndroma de Tourette".
"A marijuana médica é a piadinha que Deus fez à custa dos proibicionistas [da marijuana]," diz Richard Cowan, de 69 anos, um activista de longa data da legalização que afirma ter fumado todos os dias desde 1967. "Há claramente uma necessidade médica, e ela vai desde o insignificante até ao que salva vidas.... Da minha perspectiva, a linha divisória entre o medicinal e o não-medicinal não devia ser decidida pela polícia. (…)
— Roger Parloff, in "How marijuana became legal", publicado em Fortune
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